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Feira Internacional da Miséria Local. Uma conversa com Joana Matos Frias

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Essa coisada da literatura, onde é que isso já vai? Era para ter sido um extravagante ensaio geral entre os escombros da realidade, mas acabou como mais um antro para o recital dessas cansadas passagens obrigatórias, e o que nos escondem são esses exaltantes devaneios provocatórios, tudo é feito de forma a soterrar os melhores exemplos de um heroísmo indigesto. Passamos mal, cada vez pior, enquanto vivemos de castigo na sórdida intriga dessas réplicas medíocres, desses serviços de enciclopédia e de arrumação precária de alguns nomes nos balanços e panorâmicas da literatura portuguesa, sempre por ocasião de alguma efeméride, que logo deve sustentar o peso dessa canga. Estamos de tal forma contaminados pela técnica retrospectiva, que só damos mesmos pelos acontecimentos que rimam com o que já se deu, com a reprodução quase nos mesmos termos, como se tudo o que escapasse aos quadros de historicização já definidos devesse ser descartado como implausível. Parece que só o que está a dar, como assinalou Armando Silva Carvalho, é abocanhar a História… “A história da igreja, a história dos terramotos, a história das colónias, a história dos descobridores. Assaltam-se as bibliotecas, com sofreguidão, à cata de segredos, cabalas, diatribes. Toda essa patine seduz as cabeças devolutas e, é claro, não compromete nada nem ninguém.” Pois assim vamos, submergidos em ficções requentando os traumas do costume, como se tudo o que já passou devesse ressurgir, só nos restando dialogar com esse fantasma inexorável. E da poesia a ideia que se faz não é melhor, e continuamos entregues às excelências de um lirismo de obrigação, incapazes de definir outras coordenadas, alguma relação marcial com a época que nos coube, num regime de ataque e de defesa inextricavelmente ligados à expressão do ser vivo. Assim, nos sacudia Cesariny, notando como, “para qualquer lado exterior a nós que olhemos entramos numa zona que mesmo entre os mais novos está contente de ser puríssimo decalque de um momento anterior, um pensamento instalado na repetição (esta julgada muito boa para os efeitos da difusão)”. A questão hoje e sempre ainda deve ser colocado no sentido de perceber se somos capazes de reconhecer um inimigo. Os escritores, e os poetas em particular, vivem por aí nuns amuos, muitos satisfeitos consigo próprios, exigindo a paz para se entregarem ao seu suave degredo. Entretanto, aquilo que se escreve já nem deseja ser lido, dá os pontos, reclama a derrota cada vez mais cedo, não ensaia nem propõe nada, e admite-se até que a literatura está a ceder o lugar ao terror, às notícias sobre o terror, aos gravadores e às câmaras de filmar, aos rádios, a esse zumbido das notícias de catástrofes, umas sucedendo-se às outras, produzindo a única narrativa a que as pessoas reconhecem alguma validade. Há não muito tempo, Don DeLillo ainda teve a audácia de sugerir que há um curioso elo de ligação entre escritores e terroristas. “No Ocidente convertemo-nos em famosas efígies, ao passo que os nossos livros vão perdendo capacidade de dar forma ou de influenciar as pessoas (…). Em tempos acreditei que era possível a um romancista modificar a vida interior da cultura. Esse território, hoje em dia, foi tomado pelos pistoleiros e os fazedores de bombas. Conseguem arremeter contra a consciência dos homens. Isso que os escritores faziam antigamente, antes de terem sido comprados.” Aí está a consciência em termos bastante claros de um esvaziamento do papel do escritor, e, em muitos casos, até de uma certa renúncia a assumir qualquer acção no desconcerto das coisas. Por estes dias, os escritores refugiam-se nessas recriações do seu antigo prestígio, que servem apenas para uso interno, sem nenhum reflexo sério sequer ao nível da balança comercial. Bastam-se com a encenação desses miseráveis concursos de talentos aprovados sem distinção, mas apenas com o louvor que baste à difusão dentro do regime do espectáculo. Para deixar à porta não só as velhas ilusões como essas coroas de louro e a caixa de esmolas da boa consciência, neste episódio procurámos alargar o recreio de distúrbios batendo à porta da Academia, e Joana Matos Frias acedeu a vir falar connosco desse quadro geral da literatura portuguesa, que há muito parece ter ido abaixo, restando apenas uma espécie de culto à luz de velas, entre esses leitores que não se contentam com uma literatura que se cinge à mera transcrição de um mundo já conhecido, mas persistem nesse processo de descoberta das posições avançadas que não se limitam aos territórios do já vistoriado.

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