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O poder genético das árvores gigantes.
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Em 2005, diversas árvores de pinheiro-amarelo com séculos de idade morreram de repente em 6 hectares de floresta na parte norte das Montanhas Rochosas, no Estado norte-americano de Montana. Elas estavam sendo dizimadas por besouros-dos-pinheiros, uma praga que se infiltra nas árvores, do tamanho da ponta de uma borracha de um lápis. Os besouros nativos eram a causa imediata, mas a razão por trás dessa mortalidade sem precedentes naquela região e ao longo das Montanhas Rochosas eram os invernos, que não são mais tão frios como costumavam ser. Em Montana, no final dos anos 1970, temperaturas de -34 °C ou até -40 °C eram comuns no inverno, às vezes por semanas a fio. A temperatura mais baixa já registrada em Montana é de -57 °C. Mas, atualmente, as temperaturas mínimas de inverno raramente caem abaixo de cerca de -18°C. E, quando caem, elas duram apenas um ou dois dias, o que não é suficiente, nem de perto, para controlar os besouros-dos-pinheiros, que produzem seu próprio anti-congelante natural. Em questão de três anos, mais de 90% daquela floresta havia morrido. As árvores foram então derrubadas e transformadas em polpa e, depois, em papelão. Mas isso não foi tudo. Árvores estavam morrendo em todo o oeste da América do Norte. Entre 2006 e 2007, a Colúmbia Britânica, no Canadá, perdeu 80% dos seus pinheiros-da-praia adultos, que deixaram de ser um sumidouro de carbono (que absorve mais do que emite), para se tonarem fonte de carbono, que emite mais do que absorve. As árvores continuam a morrer em todo o oeste norte-americano. [...] Assistir ao fim daquela floresta despertou nas pessoas um interesse renovado pelo que estava acontecendo com as árvores em Montana e em outras partes do mundo. [...] Mas, nos últimos anos, os cientistas começaram a descobrir a importância da genética ancestral das árvores, com cada vez mais evidências, demonstrando que elas desempenham funções fundamentais para o futuro das florestas da Terra. Essas pesquisas seguem-se aos esforços de um grupo de entusiastas das árvores para tentar reproduzir as maiores dessas gigantes em viveiros especiais, chamados de "bibliotecas vivas", para garantir a preservação do DNA dessas árvores. Um pequeno grupo de pesquisadores está desvendando minuciosamente as consequências das mudanças climáticas para as florestas antigas em todo o mundo - as florestas seculares, que conhecemos e amamos. O primeiro desses estudos - uma pesquisa de 2012 - combinou dados do número de anéis das árvores, registros climáticos e projeções do clima futuro no sudoeste dos Estados Unidos. Conclusões preliminares mostram que as mega-secas do futuro, causadas pelas mudanças climáticas, poderão ter impactos devastadores sobre as florestas da região. O ponto fundamental da questão é que, mesmo se as temperaturas do ar subirem de forma linear, a capacidade de retenção de água da atmosfera aumenta exponencialmente. Isso significa que a atmosfera está ficando mais sedenta em ritmo acelerado e as secas extraem cada vez mais água do solo, das árvores e de outras plantas. [...] A genética das grandes árvores está desaparecendo. Alguém precisa cloná-las e manter um registro. Ninguém sabe o que elas significam. [...] Aprender a propagar esses materiais vivos pode ser algo valioso para não perdermos a combinação genética única representada por essas árvores. Essencialmente, criar essa arca de material de árvores antigas poderá ajudar outras florestas a aumentar sua diversidade genética e sua capacidade de se adaptar ao nosso mundo em rápida transformação.
Fonte:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-61992547
Imagem:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-61992547
Trilha sonora: acervo pessoal
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O poder genético das árvores gigantes.
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Em 2005, diversas árvores de pinheiro-amarelo com séculos de idade morreram de repente em 6 hectares de floresta na parte norte das Montanhas Rochosas, no Estado norte-americano de Montana. Elas estavam sendo dizimadas por besouros-dos-pinheiros, uma praga que se infiltra nas árvores, do tamanho da ponta de uma borracha de um lápis. Os besouros nativos eram a causa imediata, mas a razão por trás dessa mortalidade sem precedentes naquela região e ao longo das Montanhas Rochosas eram os invernos, que não são mais tão frios como costumavam ser. Em Montana, no final dos anos 1970, temperaturas de -34 °C ou até -40 °C eram comuns no inverno, às vezes por semanas a fio. A temperatura mais baixa já registrada em Montana é de -57 °C. Mas, atualmente, as temperaturas mínimas de inverno raramente caem abaixo de cerca de -18°C. E, quando caem, elas duram apenas um ou dois dias, o que não é suficiente, nem de perto, para controlar os besouros-dos-pinheiros, que produzem seu próprio anti-congelante natural. Em questão de três anos, mais de 90% daquela floresta havia morrido. As árvores foram então derrubadas e transformadas em polpa e, depois, em papelão. Mas isso não foi tudo. Árvores estavam morrendo em todo o oeste da América do Norte. Entre 2006 e 2007, a Colúmbia Britânica, no Canadá, perdeu 80% dos seus pinheiros-da-praia adultos, que deixaram de ser um sumidouro de carbono (que absorve mais do que emite), para se tonarem fonte de carbono, que emite mais do que absorve. As árvores continuam a morrer em todo o oeste norte-americano. [...] Assistir ao fim daquela floresta despertou nas pessoas um interesse renovado pelo que estava acontecendo com as árvores em Montana e em outras partes do mundo. [...] Mas, nos últimos anos, os cientistas começaram a descobrir a importância da genética ancestral das árvores, com cada vez mais evidências, demonstrando que elas desempenham funções fundamentais para o futuro das florestas da Terra. Essas pesquisas seguem-se aos esforços de um grupo de entusiastas das árvores para tentar reproduzir as maiores dessas gigantes em viveiros especiais, chamados de "bibliotecas vivas", para garantir a preservação do DNA dessas árvores. Um pequeno grupo de pesquisadores está desvendando minuciosamente as consequências das mudanças climáticas para as florestas antigas em todo o mundo - as florestas seculares, que conhecemos e amamos. O primeiro desses estudos - uma pesquisa de 2012 - combinou dados do número de anéis das árvores, registros climáticos e projeções do clima futuro no sudoeste dos Estados Unidos. Conclusões preliminares mostram que as mega-secas do futuro, causadas pelas mudanças climáticas, poderão ter impactos devastadores sobre as florestas da região. O ponto fundamental da questão é que, mesmo se as temperaturas do ar subirem de forma linear, a capacidade de retenção de água da atmosfera aumenta exponencialmente. Isso significa que a atmosfera está ficando mais sedenta em ritmo acelerado e as secas extraem cada vez mais água do solo, das árvores e de outras plantas. [...] A genética das grandes árvores está desaparecendo. Alguém precisa cloná-las e manter um registro. Ninguém sabe o que elas significam. [...] Aprender a propagar esses materiais vivos pode ser algo valioso para não perdermos a combinação genética única representada por essas árvores. Essencialmente, criar essa arca de material de árvores antigas poderá ajudar outras florestas a aumentar sua diversidade genética e sua capacidade de se adaptar ao nosso mundo em rápida transformação.
Fonte:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-61992547
Imagem:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-61992547
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