Temu vicia mais que raspadinhas, fadiga de Marketing e a sentença da Google - e224s01

Podcast Marketing por Idiotas - RFM

Neste episódio número 224 falamos dos bastidores da Temu, do que é fadiga do Marketing e da sentença do caso da DOJ e da Google.

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FRED

Qual é o verdadeiro custo das compras online, escondido nas sombras do comércio globalizado?

Nos episódios 155 e 177 deste podcast, explorámos os modelos de marcas de ecommerce, com preços ridiculamente baixos e anúncios cativantes que lançam promoções tentadoras. Hoje, no vosso Podcast preferido, voltamos a esse mundo para revelar as últimas novidades. Recentemente, ao ler a capa do jornal i, a última edição, deparei-me com o tema “Viciados em compras online”. No dia anterior, calhou ver uma reportagem de 20m no Youtube do Financial Times sobre a Pinduoduo, um gigante do comércio eletrónico chinês. A Pinduoduo controla a Temu, e apresentou resultados impressionantes no primeiro trimestre, o que elevou a sua capitalização de mercado para cerca de 208 mil milhões de dólares, ultrapassando os 196 mil milhões de dólares da Alibaba. Significa que está em 2.ª lugar no ranking de maiores empresas de e-commerce. Em primeiro está a Amazon que registou receitas líquidas impressionantes de 31,96 mil milhões de dólares em 2023.

Curiosidades:

• A aglomerado Pinduoduo viu o seu lucro líquido aumentar 246% no primeiro trimestre deste ano, enquanto o lucro líquido da Alibaba caiu 86%.
• Facto ainda mais interessante é que. mais de 28% dos clientes da Temu regressam à plataforma 16 meses após a sua primeira compra, quase o dobro da taxa de retenção da Walmart e da Target, segundo um relatório da Earnest Analytics.

Outro apontamento importante para os nossos ouvintes é que a Comissão Europeia anunciou no final de julho que está a preparar-se para aplicar taxas alfandegárias sobre produtos baratos vindos da China, o que pode representar uma alteração significativa dado que, atualmente, produtos abaixo de 150€ são isentos de impostos de importação da UE.

E há aqui um facto curioso relativo aos desafios das Plataformas Tradicionais:

• eBay: Continua a ser um gigante do comércio eletrónico, com 187 milhões de compradores ativos em 2023, mas enfrenta dificuldades para adaptar-se ao ritmo dos novos concorrentes, resultando numa diminuição do número de vendedores.
• Wish: Experimentou uma queda de 50,8% nas suas receitas em 2023, refletindo as dificuldades num mercado competitivo.
• Alibaba: Apesar de um lucro de 3,08 mil milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, viu o seu crescimento abrandar para 29% em comparação com o ano anterior.

Bom, este tema reaviva debates sobre a ética laboral, a sustentabilidade, dos perigos ocultos que vêm com a conveniência nomeadamente produtos falsificados, e o impacto psicológico das compras compulsivas. Temas interessantes, mas a minha pergunta para o painel é a seguinte:

Pergunta: Acham que a concentração de mercado nas mãos de poucas gigantes está a impactar a diversidade de produtos e a competitividade? Como?

Os portugueses “Viciados em compras online”.

Fontes:

• https://companiesmarketcap.com/e-commerce/largest-e-commerce-companies-by-market-cap/#google_vignette
• https://finance.yahoo.com/news/temus-growth-surge-makes-parent-130134230.html
• https://www.euronews.com/business/2024/07/03/eu-targets-the-likes-of-temu-and-shein-with-cheap-goods-crackdown
• https://www.fashiondive.com/news/temu-retention-ecommerce-market/711168/
• A Probolsky Research fez uma pesquisa com 340 consumidores nos EUA sobre seus sentimentos em relação à Amazon e ao Temu.
• https://www.businessinsider.com/shein-temu-shoes-11-229-times-legal-limit-toxic-substances-2024-8

MIGUEL

Uma das coisas que gosto no Marketing é que somos especialistas em promover oportunidades e momentos de escacez para manter as caixas registadoras a trabalhar! Estes 2 gatilhos são aqueles que geralmente fazem o ponteiro das vendas mais rapidamente. O problema é que um ano tem 12 meses e é difícil estar sempre a meter o pé no acelerador das vendas…mas claro: Nós somos marketeers e o nosso papel é encontrar sempre uma ocasião especial desde: Promoções e liquidações de ano novo, carnaval, dia dos namorados, dia da mulher, dia do pai, dia da mãe, dia dos avós, páscoa, dia das mentiras, santos populares, férias, liquidação de inverno, 31 de julho porque a seguir entra agosto, Halloween, black Fridays, cyber Mondays, Natal, passagem de ano, etc.. E agora aproxima-se um clássico: O regresso às aulas! Realmente o calendário do marketing é uma verdadeira montanha russa de emoções e promoções que conseguem sempre esvaziar a carteira aos mais distraídos. Comecei ontem a ler uma notícia que dizia: 67% dos consumidores vão estar a sofrer de fadiga de marketing (melhor tradução que consegui) até dia1 de Novembro de 2024. Esta notícia vem no relatório Report on Consumer Shopping Intentions for Holiday 2024… Mas o que é isto da fadiga do Marketing? Preparei aqui uma tradução para o Diogo ler, visto que acredito que o Diogo deve ser uma daquelas pessoas que é extremamente afectada por este síndrome: A fadiga de marketing ocorre quando os consumidores, como eu, se sentem sobrecarregados pelo volume ou repetição das mensagens de uma marca, levando a uma redução de interações e perceções negativas em relação à marca. Ou seja, o relatório indica que o pessoal vai estar completamente farto de mensagens das marcas antes sequer de começar a época de mensagens. Mas nem tudo está perdido porque o relatório (que podem consultar em marketingporidiotas.pt) também indica que a lealdade às marcas está mais forte do que nunca. Vai ser nesta altura de excesso de mensagens que as marcas que optarem por utilizar os dados que têm sobre os utilizadores para criarem mensagens personalizadas e relevantes, que entregam oportunidades que interessam realmente ao cliente, e experiencias fora de série, podem destacar-se e brilhar! Será que em Portugal já passámos a fase do “Personalizar = Nome no email”? O relatório também dá outros dados interessantes que já agora trago para análise:

1. Aumento da confiança dos consumidores (26% para 51%)

2. A lealdade à marca continua poderosa (95% dos consumidores voltam a uma loja se a experiencia de compra foi positiva)

3. 64% dos consumidores planeiam fazer compras online

4. A qualidade é o principal factor que faz consumidores experimentarem novas marcas

5. O preço é o principal factor que faz os consumidores comprarem numa loja ou local não planeado;

6. Os consumidores em 2023 davam prioridade ao preço em relação ao serviço durante a época de descontos malucos, feriados, etc…

7. Em 2024 a situação inverteu-se e passaram a dar prioridade ao serviço em vez de o preço.

8. 79% dos consumidores dizem que o compromisso das marcas com o ambiente é importante…em 2023 era 61%.

O relatório está giro, contém imensos insights e ideias para os potenciarmos mas parece-me que nalgumas coisas está um pouco contraditório.

Perguntas que eu tenho para vocês:

• Alguma das estatísticas que gostassem de comentar em especial?
• Agora que já sabem o que é a Fadiga de Marketing, como podem as marcas evitar perderem-se no meio do barulho e de pessoas que estão fartas de ouvir publicidade?

https://chaindrugreview.com/optimove-holiday-shopping-report-reveals-67-of-consumers-will-have-marketing-fatigue-by-november/

DIOGO

Esta semana tenho de falar do caso Antitruste dos EUA contra Google sobre práticas monopolistas, que está quase a chegar ao fim e como já tínhamos falado num passado episódio, a Google foi dada como culpada de práticas monopolistas e isto ficou claro em tribunal. Então para contexto, após quase um ano em tribunal onde ficámos a saber várias coisas sobre a Google ao qual não tinhamos acesso e após provas atrás de provas o juiz federal nos EUA decidiu que a Google detém um monopólio ilegal no mercado da pesquisa, alcançado em parte por pagar somas exorbitantes a empresas como a Apple para ser o motor de pesquisa padrão. A Google já afirmou que vai recorrer, e argumenta que é simplesmente melhor. A sentença agora será em setembro, marquem na agenda. E a previsão de vários meios é que o juiz pode:

1. Anular os contratos de motor de pesquisa padrão existentes: Isto parece provável e segundo o Wall Street Journal pode até economizar dinheiro ao Google a longo prazo. Eles sugerem que na verdade essa anulação dos contratos de exclusividade pode, ironicamente, até beneficiar a Google ao eliminar o custo desses acordos, sem afetar significativamente sua participação de mercado.
2. Aplicar uma multa à Google. O que se aponta em geral para que seja improvável que seja significativa, dados os lucros massivos do Google.
3. Outra das previsões possíveis que achei interessante foi, Forçar a Google a partilhar os dados pesquisa com os concorrentes.
4. E por última, uma previsão que surgiu na Bloomberg de fontes do departamento de justiça, que seria forçar a Google a separar os negócios onde afirmaram que procuram formas de como o Chrome, Android e o negócio de Google Ads poderiam ser separados.

Estes são as 4 consequências mais prováveis que o tribunal pode sentenciar. E agora põe-se a questão de o que pode acontecer com o mercado de pesquisa. Será que a após a Google recorrer e isso pode arrastar-se por vários anos isto no final já nem vai ser importante porque entretanto já há pesquisa com IA e pesquisa, será que entretanto a Apple já terá o seu motor de pesquisa e a Google já não pagaria à Apple de qualquer das formas? O que vocês pensam que vai acontecer?

DOJ Considers Breaking Up Google: Separating Android & Chrome; Maybe Ads (seroundtable.com)

Sobre o Podcast Marketing por Idiotas

O podcast Marketing por Idiotas é um podcast sobre marketing em Portugal. Neste podcast semanal falamos sobre notícias, irritações e inquietações sobre marketing digital e analógico. O podcast é apresentado e moderado pelo Diretor de Marketing da Turim Hotéis, Ricardo Vieira e tem como comentadores com lugar cativo o freelancer Diogo Abrantes da Silva, o formador e consultor Frederico Carvalho e o CEO da pkina.com e funis.pt Miguel Vieira.